Estava lendo sobre o funcionamento da mente humana e descobri que quando algo nos acontece, instantaneamente nosso cérebro envia as informações para o hipocampo, onde ele decide se essa memória vai ser ou não guardada a longo prazo. O cérebro classifica se a memória é importante ou não, baseado na importância que nós damos ao acontecimento. Ou seja, a maneira como nosso corpo responde física e emocionalmente aos acontecimentos, pode definir o quão importante ela é, e se deve ou não ser mantida a longo prazo nas nossas lembranças.
Meu interesse no assunto surgiu para tentar entender, pelo menos um pouco, do porque o meu cérebro insiste em manter memórias que eu não quero mais lembrar. Terminei meu namoro há três anos e detalhes do que vivemos ainda vem à tona e me fazem sofrer. Não só me lembro, como sinto o cheiro, ouço os sons, sou capaz de reconstruir cada momento que passei ao lado dele.
Ainda sinto calafrios só de ver a suas fotos, mesmo sabendo que elas foram postadas para impressionar outra pessoa. Estou cansada de ter ele controlando minhas reações mesmo ser saber. Estou cansada de desperdiçar meu aceleramento cardíaco por alguém que que nem é capaz de sentir a mínima variação nos batimentos quando me vê.
Quero tanto esquecer! Quero esquecer o cheiro, a fisionomia, a risada. Por que é tão difícil? Por que eu não consigo mandar no meu coração, quando isso é tudo que eu quero?
A quem eu estou tentando enganar? Meu coração sabe que quem eu quero é ele.
Ele não perguntou e nem está interessado em saber, mas tem tantas coisas que eu venho guardando nos últimos anos para contar. Eu fiz planos de viajar, quis mudar de curso, comi naquele restaurante que a gente sempre planejou ir junto, experimentei cerveja pela primeira vez e depois pela segunda… E não fiz nada disso sem imaginar o que ele diria.
Este é só mais um texto que escrevi desde que terminamos. Um há menos. Posso estar demorando para esquecer, mas eu vou. Pode ser que ele não saia do meu “hipocampo”, mas vai sair do meu coração.
Precisava desabafar, mais uma vez.
Da desabafadora, Jamile.
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